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Descrição

The Queen Symphony é uma obra integrada para orquestra e coro na qual desejei expressar a essência original desta grande música. Ao procurar reinventar em vez de simplesmente a orquestrar, descobri que a música dos Queen contém inerentemente a linguagem do género clássico moderno.

Este projecto foi antes de mais a continuação de uma viagem em curso desde a minha juventude, quando fui primeiramente exposto à música dos Queen. Lembro -me de quando ouvi Bohemian Rhapsody pela primeira vez – à espera de entrar no campo de críquete para me bater pela equipa da minha escola, quando um bloco de vozes cantou “Is this the real life?”, vindo de um pequeno rádio sobre o relvado. Longe de imaginar que uns 25 anos mais tarde estaria sentado ao piano com uma encomenda da EMI Classics para compor uma sinfonia inspirada por tal música intemporal – música que faz parte da consciência colectiva desde há uns trinta anos.

Juntamente com os seus contemporâneos David Bowie e Genesis (para mencionar apenas dois), os Queen faziam parte de uma nova onda radical que desafiava as fronteiras da música popular. Eram a personificação de uma expressão artística crua que se apresentava através de gravações e actuações meticulosamente trabalhadas, que se mantêm para nós um legado indispensável e uma oferenda para as gerações futuras. Sob várias perspectivas, a música dos Queen está embutida na justaposição dos géneros clássico e rock; o som pode ser de cariz rock mas, quando despido até aos seus componentes base, o núcleo contém uma base temática tão válida para um tratamento sinfónico como qualquer obra neste género.

É difícil exprimir em palavras o factor composicional nesta obra, mas a improvisação e visualização estiveram no centro do processo. A pesquisa inicial cedo revelou não apenas que eu conhecia muito mais letras e melodias dos Queen do que imaginava, mas também que havia nelas uma profundeza de sentido e lirismo por explorar. Quando comecei os primeiros esboços, os temas originais começaram a fundir-se em passagens de forma mais longa, enquanto assumiam diferentes contextos e caracterizações.

As gravações originais dos Queen sugeriam naturalmente uma tela orquestral/coral. Camadas sobrepostas de guitarras assemelhavam-se a camadas sobrepostas de cordas orquestrais; a diversidade da expressão solo na voz e na guitarra – da delicadeza lírica extrema à exuberância rapsódica – sugeriam a linguagem do concerto ou da ópera. As estruturas harmónicas e melódicas faziam lembrar a forma clássica, com contraponto inteligentemente tecido, enquanto que a progressão dos acordes ia das influências medievais às românticas. Da mesma forma que os temas principais, surgia um subtexto de temas secundários: a figura do piano inocente de Bohemian Rhapsody, o riff de Another One Bites The Dust, o estilo expressivo inconfundível no toque de guitarra do Brian…

Primeiro andamento: O motivo de Radio Gaga e o refrão de Show Must Go On formaram a base motívica para o andamento, embrulhando-se numa densa paisagem de cordas em camadas sobrepostas – inspiradas pela escrita distintiva de Brian, de guitarras sobrepostas. Eu tinha imagens da luta eterna contra as desigualdades, potenciada pela letra “One world, one vision”. Em contraste, I Was Born To Love You surge como ‘combustível’ para a salvação.

One World, One Life, One Vision, One Love
Teo Torriate, Teo Torriate
One Heart, One Soul, One Mission, One Love
Ah, Ah, Ah, Save Me!Save Me!Save Me!
Ah, Ah, Ah, Save Me!Save Me!
And we will live forever, and we will live together,
forever, forever, forever!
One Race, One Hope, One Mission
Ah!Ah!One with the Show!

Segundo andamento: O lírico Love Of My Life deu origem a um tratamento concertístico clássico/pastoral do piano, que é invadido por Another One Bites The Dust e Killer Queen como um retrato humorístico de um duo ameaçador conjurando uma tempestade!

Terceiro andamento: O suspirante Who Wants To Live Forever é um diálogo elegíaco entre o violino e o violoncelo contra uma paisagem orquestral lúgubre. É concluído por um curto epílogo que aponta para a resolução na conclusão da Sinfonia.

Quarto andamento: Bicycle Race inspirou este andamento frenético, no qual visualizei o vídeo da canção. No entanto, aqui a reviravolta é que os participantes fogem para o centro da cidade onde impera o caos.

Quinto andamento: Abre com um desfile de grandes momentos dos Queen: Mama, Just Killed A Man…, We Will Rock You, Scaramouche – todos caracterizados por uma roupagem estilística que culmina no triunfante We Are The Champions e numa reinterpretação de Who Wants To Live Forever.

Lacrimosa, Lacrimosa
Lacrima, Dolor, in trematati, Dolore
O Eya, Eya O, A Eya, Oya, Oya
Mama!Mama!
Misericordia
Mama!Misericordia
In Le Morate Misericordia

Sexto andamento: Tem um título não oficial, “Homage”, que se baseia em mais uma recapitulação de Who Wants To Live Forever. Este, espero, explica-se por si próprio!

Donna Nobis Pacem
Mama Dona Nobis Pacem
Who wants to live forever?
Forever’s our today!
And we will live forever, Live forever, as one
We are the champions my friends
Friends forever, forever
Mama, Forever, Forever, Ah
Salva Me!Forever, Forever, Evermore

 

 

Tolga Kashif, 2002